terça-feira, 10 de junho de 2008

Aquele que não gira mas faz "girar"

Se quisermos definir «spin doctor» vamos entrar por caminhos sem fim. A verdade é que «spin doctor» acaba por ser ninguém, no sentido que ninguém assume, enredando um certo secretismo que consegue determinar uma estratégia para resolver uma determinada crise. Quando não há hiporese de desmentir resta assumir a verdade. Em «As manobras da Casa Branca» vemos que as coisas, inicialmente, até são assim; contudo, o desfecho acaba com a personagem a querer o protagonismo daquilo que realizou. A verdade é que também não há um anúncio de contratação ou um «precisa-se», o que nos dá para concluir que é uma actividade, se assim poderemos, porventura, denominar, desregulamentada. Ele é um produtor, aqui aplica-se o termo, visto que não olha a meios e constroi a ficção para travar uma crise.
O político não pode ser «spin doctor». O que o político tem de ser é solidário com o «spin doctor», que vai ser alguém a «tratar» da imagem, logo tem de o conhecer minimamente.
Ser spin doctor não é tanto um lugar para que se contrata alguém, mas mais um conjunto de tarefas que integram o marketing político.
Sabemos que o Spin Doctor tem de reunir características, entre as quais destaco a discrição. O lugar que ocupa na hierarquia ou o nome que a sua função tem, não correspondem à sua função, que no fundo, consiste em manipular a realidade. Pelo intermédio das manobras de diversão, ou da encenação como vimos em "Manobras na Casa Branca». O objectivo é levar a opinião pública a acreditar de forma a que confie no poder e seja encorajada ao voto. E se é verdade que o «spin doctor» não existe, é verdade igualmente que está sempre presente o «vale tudo». O início do percurso enceta no político, seguindo-se para a comunicação com os jornalistas que, com credibilidade, atingirão os eleitores. Deste modo, os jornalistas são os alvos directos da manipulação. Ao falarmos em manipulação atendemos a dois tipos: a manipulação inocente (com noção de verdade), associada à assessoria e ao «contorno»; e a manipulação mentirosa (que não passa disso). E, se o objectivo é mais ambicioso, então a estratégia recairá sobre um maior domínio da subtileza, sem que, assim, nos apercebamos do que quer que seja.
Em suma, e recorrendo ao sound bite, no sentido da utilização de ideias-chave, «spin doctor» ou a manobra do «spinning» envolve bastidores, acesso ao poder e uma ilimitação dee acções, pois vale tudo conforme o objectivo.


Caso: Karl Rove



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