terça-feira, 10 de junho de 2008

CAPÍTULO V - As Sondagens

As sondagens são a única forma de consultar antes das eleições o próprio povo. Alicerçadas por um questionário que revelará a opinião dos inquiridos (a partir de uma amostra) pelo rigor da interpretação dos resultados, permitindo que as mensagens sejam testadas e, inclusive, preparadas.
As sondagens são aproveitadas de forma a “monitorar o sucesso relativo dos políticos e os seus índices de aprovação”[1]. No entanto, não é, somente, para esta aplicação que as sondagens são realizadas pelo que podemos afirmar que existem dois géneros de sondagens. Por um lado, encontramos as que são divulgadas nos jornais e, por outro, as que são objecto de trabalho dos assessores, especialmente, os de imagem.
Para além das sondagens que vêm publicadas nos jornais – que não pretendo desprestigiar, mas que não são alvo do nosso estudo – temos as sondagens que proporcionam o conhecimento de “ideias, anseios, necessidades, oportunidades. São pontos de partida. Com as campanhas eleitorais passa-se o mesmo que com os produtos e os serviços. Os resultados são uma consequência. Não é por ter bons resultados numa sondagem a um ano da eleição que um candidato é um vencedor antecipado.”[2] Estas são as que vemos em «Os Homens do Presidente», designadamente no «Lies, Damn Lies and Statistics». A sondagem é acompanhada desde o primeiro passo. Começa pela conversação entre CJ, Toby e Josh em que todos concordam que as sondagens têm “previsto correctamente o comportamento dos eleitores”, salienta CJ. CJ ocupa neste enquadramento uma personagem de relevo, até pelo desfecho das sondagens, mas, sobretudo, porque irá passar os resultados aos jornalistas “se não inciarmos os telefonemas já, não terei tempo de fazer chegar os resultados internos à imprensa”. Por entre as problemáticas que se desencadeiam, as sondagens são seguidas a par e passo. CJ comunica que está na hora e Leo pergunta se algum dos presentes quer fazer uma previsão.
Henry Kissinger, em entrevista a Mário Soares, chegou a proferir que “a política contemporânea não tem características visionárias, limita-se a gerir o dia a dia, depende da opinião pública e das sondagens e, no entanto, nem por isso as pessoas ficam mais satisfeitas nem os políticos são mais populares”[3]. Aqui vemos a importância das sociedades que se orientam não no sentido de serem líderes, mas de governarem uma terra. O vencedor é aquele que abarca o maior número de ideias, até porque as pessoas votam não tanto pelo candidato, mas pelas ideias que ele defende. Hoje em dia, isso é cada vez mais evidente porque ao se questionarem pessoas na rua, verificamos que muitas delas simpatizam com a figura do candidato, mesmo não percebendo bem o que ele defende.
As sondagens são utilizadas para saber a opinião do eleitorado, assim como possibilita chegar às conclusões acerca do que parece que poderia ser a decisão dos votantes naquele instante: “achas que os apoiantes votam republicano se a liderança quiser?” (antes do jantar Al Smith). Também Toby alinha na vertente sondagem, como estratégia de comunicação, “precisamos de uma sondagem para saber o que fazemos a seguir” (18th and Poto Mac).


No filme «Boris», as sondagens também servem de orientação na conduta de Ieltsin, porque "antecipam ou dizem antecipar os resultados eleitorais, podem servir de “balão de ensaio” a uma medida que se pretende tomar”[4].
A 116 dias da eleição, três norte-americanos acabam por ir para a Rússia fazer parte da comunicação do candidato. A primeira grande vicissitude com que se defrontam é com a desconfiança de Ieltsin em relação às sondagens. No entanto, tudo se consegue, desde as sondagens, por intermédio de um inquérito e da determinação de um «focus group», até ao mediatismo (quando Boris dá beijos aos bebés e participa de acções de exposição, como a plantação de árvores).



Caso: Tony Blair





[1] Vítor Gonçalves; Nos bastidores do Jogo Político: O poder dos assessores; Coimbra; Minerva; 2005; pg.89.
[2] Luís paixão Martins; Schiu… Está aqui um jornalista; 2ª ed; Editorial Notícias, Lisboa; 2003; pg.57.
[3] Luís Macedo e Sousa; Onde as coisas acontecem – comunicação, sociedade, poder e administração pública; Hugin Editores; Lisboa; 2000; pg.45-46.
[4] Vítor Gonçalves; Nos bastidores do Jogo Políticos: O poder dos assessores; Coimbra; Minerva; 2005; pg.89.

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