terça-feira, 10 de junho de 2008

O Sound Bite

O assessor tem de dar expressão a todos os canais que veiculam a expressão do protagonista. Para tal tem de ter em conta a concorrência e a diversidade de meios de comunicação que desencadeiam uma maior disparidade de difusão. Ou seja, há pouco tempo para difundir as mensagens e é daqui que irrompe o «sound bite». O «sound bite» é o som amplificado por um protagonista que disputa o espaço mediático [limitado]. Pode ser uma “palavra ou pequenas frases que são pensados pelos políticos de modo a serem repetidos pelos meios de comunicação social. Divulgados em pseudo-eventos como congresso de um partido, os discursos políticos tentam satisfazer as necessidades dos jornalistas de frases facilmente reportáveis com informação política, de modo favorável ao partido[1].
Permanece a necessidade de que tudo seja dito de forma rápida e com a ideia de que tem de ser instantâneo. O intuito é o transporte das ideias, das mensagens que vão ser conduzidas por um médium. Escolhem-se “as melhores ideias, aquelas que mais se adequam à imagem que queremos marcar; e escolhemos os media mais adequados para as transportarem. Não se julgue que são duas tarefas distintas que podem ser feitas uma independentemente da outra”[2]. Os políticos têm, então, que sintetizar aquilo que querem comunicar em meia dúzia de ideias-chave. Esta é a única maneira de passar a mensagem. No filme «Boris», os sound bites de 5segundos são enfatizados: sorrir é fundamental).Em suma, o soundbite é uma forma de manipulação da opinião pública muito simples e eficaz que culmina no concretizar de algumas palavras que vão directas ao jornalista/à opinião pública. O sound bite é mais do que um slogan, é a artificialização do discurso, da ideia, à sua mínima expressão para prender a atenção dos jornalistas.




O caso: Paulo Portas é, por mérito próprio, o senhor sound bite da política portuguesa. Francisco Louçã é mais palavroso. Santana Lopes é menos assertivo. José Sócrates não resiste a uma citação. E Jerónimo de Sousa não vive sem a doutrinária referência aos camaradas - os vivos e os mortos.


[1] Vítor Gonçalves; Nos bastidores do Jogo Políticos: O poder dos assessores; Coimbra; Minerva; 2005; pg.58.

[2] Luís Paixão Martins; Schiu… Está aqui um jornalista; 2ª ed; Editorial Notícias, Lisboa; 2003; pg.17.

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